Separamos 14 conselhos de impressores e artistas que fazem parte do ecossistema serigráfico mundial para você conhecer e se inspirar com seus trabalhos.
Dan Mac Adam
Fundador do estúdio Crosshair em Chicago (EUA), especializada em impressões foto realísticas através da serigrafia.
“Tentar o fotorrealismo na serigrafia é trabalhar dentro de um conjunto de limitações. Minha primeira inspiração para isso veio quando tive a oportunidade de examinar um conjunto de gravuras de Richard Estes, que usava cores especiais cuidadosamente escolhidas em todos os tons para criar uma imagem mais real e detalhada do que uma elaborada a partir de porcentagens matemáticas de tintas para policromia. Eu desenvolvo minhas imagens usando meu próprio conjunto de técnicas em evolução, que evitam os meios-tons e a policromia tradicional em favor de cores especiais em camadas, escolhidas subjetivamente. São utilizadas de seis a mais de vinte tintas. Sobre Camadas semitransparentes geram cores adicionais à medida que as várias tintas se sobrepõem para produzir uma gama mais ampla de cores e texturas, simulando um degradê do que é essencialmente uma série de limiares, isolados e agrupados em um processo de tentativa e erro”
Dan MacAdam
David Montorsi
https://www.medullamade.com/medulla
Fundador do Medulla, com sede na cidade italiana de Modena.
“A impressão ecológica é o próximo passo natural depois da alimentação ecológica: a maioria das pessoas não percebe que o dia todo, todos os dias, o corpo delas está em contato com tecidos pouco saudáveis, que causam danos ao meio ambiente.
Meu objetivo era desenvolver uma cor de impacto zero, com base em pigmentos naturais.
Trabalhar com pigmentos naturais não é como abrir uma loja de tintas.
Se você quer começar a experimentar pigmentos naturais, precisa ter uma atitude quase zen e encarar a serigrafia com uma perspectiva mais meditativa, mais orgânica. Tenha em mente que, na serigrafia tradicional, estimamos o tempo de secagem da tinta em intervalos que variam de cinco minutos a dois dias, dependendo das tintas utilizadas. Com cores naturais, esse intervalo aumenta para duas semanas, às vezes até dois meses.”
Dolly Demoratti
www.facebook.com/Mother.Drucker/
Fundadora do estúdio e galeria Mother Drucker, em Berlim (Alemanha), a partir de uma estrutura modesta, o estúdio de serigrafia Mother Drucker cresceu e se tornou o foco da comunidade serigráfica de Berlim, bem como um ponto de referência importante no cenário global.
Organizou o primeiro festival de serigrafia da cidade, o Druck Berlin. Composto por três dias ecléticos de impressão e exposições, o objetivo do festival era proporcionar uma plataforma de aprendizado e envolvimento, reunindo pessoas da comunidade serigráfica e do mundo em geral.
Em 2012, Dolly transferiu o Mother Drucker para um lugar maior, na galeria Urban Spreee. Esse espaço único é o coração do cenário artístico alternativo de Berlim.
Especialista em serigrafias de alta qualidade em grandes formatos sobre papel.
Hansiebdruckerei Kreuzberg
https://www.handsiebdruckerei.de/
Stefan guzy e Björn Wiede tem uma reputação de precisão que coloca seu estúdio, o Handsiebdruckerei kreuzberg, na vanguarda do cenário de impressão artística contemporânea.
Poucos estúdios em operação atualmente têm sido tão sistemáticos na exploração do que se pode fazer com serigrafia.
Seu estúdio mostra que, quando se trata de resultados de cair o queixo, a experimentação incansável é o segredo para a maestria. A obsessão leva à perfeição.
“Não existe botão de desfazer.”
“Nunca imprima em um papel que acabou de sair do palete – sempre deixe-o no secador de um dia para o outro, para que ele possa se ajustar às condições atmosféricas do seu local de impressão. A umidade constante é importante – mantenha sempre as janelas fechadas (as serigrafias industriais até pulverizam o ar com borrifadores de água). Entre 40% e 70% de umidade é o ideal.”
Hansiebdruckerei & Kreuzberg
Jeffrey Dell
‘‘Mudei-me para o Texas há quase vinte anos e me sinto muito sortudo por ter chegado aqui para um emprego de professor na Texas State University em San Marcos. Tenho alunos e colegas maravilhosos. As comunidades artísticas em Austin, San Antonio, Houston e Dallas são vibrantes e diversificadas.’’
“ Eu empresto ideias de outras formas de produzir imagens. Técnicas de veladura usadas na pintura, por exemplo, me ensinaram que eu poderia fazer algo semelhante em serigrafia com camadas de tinta que são 99% transparentes, com apenas uma nuance de cor e valor. Acredito que meu trabalho deixa a serigrafia um pouco mais próxima de coisas como a pintura e até certo ponto, do que está acontecendo na fotografia hoje.”
“Eu paço impressões há tempo suficiente para que a maioria das minhas ideias surjam sob a forma de impressões, em vez de imagens comuns. As ideias são intrínsecas ao modo como um determinado fotolito irá se revelar na tela, como posso imprimir as camadas uma por cima da outra para conseguir um determinado efeito, o que acontece com uma forma dimensional quando ela é impressa com um degradê contraditório. As ideias estão realmente ligadas ao modo como a imagem será construída através da impressão.”
Jeffret Dell
Kate Banazi
Kate Banazi nasceu em Londres e estudou na Central St Martins. Atualmente vive em Sydney, Austrália.
Seu trabalho atual celebra as relações, o corpo no espaço, o movimento, as sombras e a cor. Formas entrelaçadas são mantidas juntas levemente, mas sempre prontas para desmoronar. O espaço negativo e o trabalho de linha mapeiam caos, vazios e beleza.
Repetição, ritual, ciência e teoria da cor despertam grande interesse e são frequentemente referenciados em seu trabalho com elementos que exploram sua própria herança mista e laços familiares.
“Eu imprimo para mim mesma e escolhi imprimir de forma intuitiva, geralmente usando isso como um meio de pintura em vez de um processo de fac-símile. Aceito todas as falhas, texturas e inclusões. Quero que você veja minha mão na produção da peça.”
“ Na Austrália, o uso de tintas à base de água pode ser um desafio: lutar contra o calor e a umidade é física e mentalmente exaustivo, e pode afetar o processo de impressão.”
Kate Banazi
Lorenz Boegli
https://www.lorenzboegli.ch/de/
É um mago dos materiais, mestre em uma variedade de efeitos hipnotizantes. Sua abordagem é, ao mesmo tempo, extremamente filosófica e rigorosamente científica, conferindo às suas impressões um caráter transcendente único.
Dedicado ao seu ofício, Boegli brinca com reflexos metálicos e iridescentes, misturando acabamentos lustrosos e foscos e combinando-os em meios-tons. A serigrafia, diz ele, oferece a paleta mais ampla possível de efeitos de realce (a maioria dos quais simplesmente não aparece em fotografias).
“Eu tenho um estúdio pequeno, do tamanho suficiente para ter meu equipamento e um assistente trabalhando comigo. Com a serigrafia, é possível fazer grandes coisas com pouca experiência ou equipamento.”
Lorenz Boegli
Margriet Thisse
http://www.margrietthissen.com/
A mestra-impressora Margriet Thissen é a especialista em serigrafia residente na Academia Jan van Eyck, na Holanda, trabalhando com formatos em grande escala e em um contexto acadêmico mais formal.
Uma impressora com mais de trinta anos de experiência, é a especialista em serigrafia do Van Eyck. Ela explica como o estúdio oferece serviços de impressão aos residentes, oferecendo a eles uma série de possibilidades em termos de tintas e substratos, e de escala de impressão. “Temos uma mesa têxtil onde se pode serigrafar uma estampa de até 200 cm x 520 cm. Então, você pode realmente pensar grande e usar as técnicas gráficas tradicionais de uma maneira moderna para uma edição, uma instalação, moda e assim por diante.
Trabalhe e pense em camadas. Pense várias vezes como deve ser a próxima camada. É importante que cada uma esteja certa.”
Melanie Yugo
https://www.instagram.com/melanie.yugo/
“Eu situo meu trabalho de impressão e publicação no contexto da arte gráfica e de sua capacidade de estar democraticamente disponível para uma grande diversidade de públicos. A serigrafia pode permitir experimentos relativamente baratos e sustentáveis. Ao assumir a forma de múltiplos, como gravuras ou livros de artistas, o material impresso torna-se uma plataforma que pode contribuir para discussões críticas mais amplas.
Meu processo de trabalho oscila entre o que está definido e o que vou inventando na hora. Devido à natureza da serigrafia, que faço à mão, aprendi a contar com um bom planejamento e com a sorte ao mesmo tempo. Quando começo a imprimir, tudo fica muito instintivo. Tendo a juntar cores, formas, imagens ou linhas de modo um pouco diferente do que planejei.”
“ O tamanho reduzido do meu espaço de trabalho coloca limites sobre o tipo de equipamento que uso e o tipo de coisas que imprimo. Eu uso uma pequena mesa de revelação, um pequeno suporte de impressão e pequenos berços com dobradiças. Crio cada peça a mão; não há máquinas grandes contendo braços com rodos nem carrosséis.Cada móvel no espaço serve para mais de um propósito ou tem rodas. A área de lavagem fica na parte de trás e as mesas têm espaço suficiente para que a impressão fique separada da preparação da arte, revelação de telas e corte de papel. Encontrei umas soluções muito criativas de armazenagem e equipamentos. Estou sempre reorganizando o espaço para imprimir da maneira mais eficiente possível.”
Melanie Yugo
Michelle Miller
Michelle Miller é uma gravurista e pintora residente em Chicago.
Seu trabalho consiste principalmente em gravuras abstratas em grandes formatos, algumas influenciadas por questões relacionadas à homossexualidade.
“A serigrafia é como uma segunda língua para mim. Eu tento usar a gravura como uma forma de colagem. Através da gravura, tenho oportunidades de arriscar e experimentar, bem como de fazer peças bem planejadas e estrategicamente impressas. Posso conceber meu trabalho a partir da descoberta do que é possível através da serigrafia. Isso é importante para o meu processo criativo e para a criação de imagens. O fato de estar aberta a ocorrências durante a impressão, além de experiências mais controladas sob a forma de pequenas séries de mono gravuras, influência e renova as imagens em meus trabalhos de impressão maiores e meticulosamente planejados.”
“ Misture suas tintas três vezes mais do que você acha que deve”
“Acho que o maior desafio para os novos serígrafos é dar-se tempo suficiente para fazer uma tonelada de trabalho totalmente experimental. Essa é a única maneira de aprender o processo, aperfeiçoar suas estampas e produzir as imagens que você realmente deseja.”
“Existem infinitas possibilidades para a serigrafia. Há um potencial infinito de composições e relações entre formas e cores, texturas e chapados, que se combinam e criam diferentes energias em uma página. todas essas energias e composições potenciais existem dentro da matriz serigráfica antes mesmo de você puxar o rodo.
Michelle Miller
Quentin Best
Fundador do estúdio Harwood King, no Reino Unido, tem um histórico de décadas de produção de gravuras artísticas.
“O Harwwod King teve início numa época em que as ilustrações eram desenhadas a mão, usando combinações de caneta, pincel e aerógrafo para criar uma separação opaca sobre o acetato.
A reprodução CMYK tradicional não era adequada para a gravura artística: os artistas tendem a usar tintas de pigmento simples e muitas vezes criam áreas de cores profundamente saturadas, mas a gama de cores CMYK não conseguia reproduzir essas cores profundas. Enquanto o olho humano consegue enxergar bilhões de cores, a impressão CMYK só produzirá cerca de cinco ou seis mil.
A serigrafia multicolor ofereceu a solução perfeita para a criação de gravuras com toda a gama de cores da pintura de um artista, A desvantagem foi a separação das demão e o uso de muito stencil.
No início do século XIX, a invenção da fotografia libertou o artista da necessidade de reproduzir seu tema de maneira precisa e formal. Da mesma forma, hoje o computador libertou o artista e o gravurista de seguirem estritamente os métodos tradicionais de produção.”
Richard Duardo (1952-2014)
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Portrait Of Angela Davis Serigrafia em papel 290 gsm com sete cores janeiro de 2020 tiragem 36 -
http://Tales of the Americans interview
Apelidado de “Warhol da costa oeste”, foi uma figura prolífica do underground de Los Angeles, fundou o Modern Multiples em 1999.
Artista, mestre-gravurista, editor, revendedor, galerista e colecionador, Duardo era um verdadeiro multitarefa. Autoproclamando-se “terceira geração da pop art”.
Sua obra exibe retratos de ícones como Jimi Hendrix, Duke Ellington e Che Guevara, muitos deles produzidos em uma prensa serigráfica de um braço só, no que ele definia como sendo “uma mistura de arte urbana com arte erudita.” Costumava acrescentar à mão detalhes em pastel sobre a peça acabada.
O seu legado continua vivo no Modern Multiples, hoje um pólo de gravura global que produz para artistas edições de altíssima qualidade em serigrafia e impressão giclée.
Tind
O trabalho de Tind revela uma criatividade explosiva. O alcance de seus experimentos com tinta e substrato (mel e folhas de bananeira por exemplo), bem como a força expressiva de seus projetos mais convencionais, renderam-lhe um lugar legítimo na vanguarda da serigrafia mundial, em seu estúdio em Atenas, Grécia.
Tind, que trabalha com seu pai, transformou a serigrafia em uma disciplina espiritual.
Zansky
https://www.zansky.com.br/old/
São Paulo . Brasil
Ilustrador, artista gráfico e serigrafia, faz ilustrações para revistas, livros, sites, camisetas, capas de disco, pôsteres, produtos e outras necessidades dos clientes. Seu trabalho é orgânico, ácido e por vezes tratado como psicodélico por conta do uso profuso de cores.
Além do trabalho de ilustração, possui a Edições de Zaster, editora onde aplica seus conhecimentos nas artes gráficas mais artesanais, como a serigrafia, usando processos alternativos (históricos), carimbos e risografia. Nas Edições de Zaster edita e imprime pôsteres, gravuras e publicações próprias e com artistas convidados.
Integra também o coletivo BASE-V e ministra workshops de serigrafia alternativa, gráfica experimental, ilustração e murais.
“ Eu sou mais um artista do que um impressor. Acho que os métodos de impressão devem ser uma forma de arte e não apenas uma técnica de reprodução.”
Zansky
Bibliografia
Komurki, John Z.
Mestres da serigrafia: técnicas e segredos dos melhores artistas internacionais da impressão serigráfica/
escrito por John Z. Komurki; curadoria de Luca Bendandi, Dolly Demoratti;
[tradução Carlos Damasceno].–1.ed.–
São Paulo: Gustavo Gili, 2018.
Título original:
Silkscreen masters: secrets of the world’s top screen printers.
ISBN 978-85-8452-128-9