O lambe-lambe, ou colagem de cartazes, encontra suas raízes na técnica de gravura litográfica, desenvolvida no final do século XVIII e popularizada ao longo do século XIX. Esta técnica de impressão revolucionou a produção de materiais gráficos e deu origem à prática de colagem de cartazes em espaços públicos, que viria a se consolidar como uma das formas mais icônicas de propaganda de rua.
A Técnica de Litografia
A litografia é um processo de impressão que envolve a criação de imagens em uma superfície plana de pedra calcária ou metal. Inventada em 1796 pelo dramaturgo alemão Alois Senefelder, a litografia se baseia no princípio de repulsão entre óleo e água. No processo litográfico, um desenho é feito com uma substância oleosa sobre a superfície da pedra. Em seguida, a pedra é tratada quimicamente para que as áreas não desenhadas retenham água. Durante a impressão, a tinta oleosa adere apenas às áreas desenhadas, enquanto a água repele a tinta das áreas não desenhadas, permitindo a transferência da imagem para o papel.
Popularização e Impacto na Propaganda
A litografia rapidamente se tornou uma técnica popular devido à sua capacidade de produzir imagens detalhadas e coloridas em grandes quantidades. No final do século XIX, a litografia estava amplamente disseminada e era usada para a criação de pôsteres de propaganda, anúncios comerciais e materiais promocionais. Os cartazes litográficos eram especialmente eficazes para a divulgação de eventos públicos, como apresentações teatrais, óperas e, notavelmente, circos.
Os Cartazes de Circo
Os circos foram pioneiros na utilização da litografia para a promoção de seus espetáculos. Grandes empresas circenses, como o Barnum & Bailey Circus, criaram cartazes vibrantes e chamativos que apresentavam suas atrações principais, como animais exóticos, acrobatas e palhaços. Esses cartazes eram colados em espaços públicos, transformando muros, postes e edifícios em verdadeiras galerias ao ar livre. A produção em larga escala e a distribuição massiva desses cartazes deram início à prática do lambe-lambe como uma forma eficiente de atingir um público amplo e diversificado.
Transição para o Lambe-Lambe
Com o sucesso dos cartazes de circo, a técnica do lambe-lambe se expandiu para outros setores, incluindo a publicidade comercial e campanhas políticas. A facilidade de produção e a capacidade de cobrir grandes áreas urbanas com mensagens visuais fizeram do lambe-lambe uma ferramenta poderosa para a comunicação de massa. Durante o final do século XIX e início do século XX, essa prática se consolidou, utilizando não apenas a litografia, mas também outras técnicas de impressão, como a serigrafia e a tipografia, para a criação de cartazes.
Impacto Cultural e Legado
A técnica litográfica e a prática do lambe-lambe tiveram um impacto duradouro na cultura visual urbana. Os cartazes se tornaram uma parte integral da paisagem das cidades, comunicando informações e influenciando comportamentos. Além disso, a estética dos cartazes litográficos influenciou movimentos artísticos, como o Art Nouveau e o Modernismo, que incorporaram elementos gráficos e tipográficos característicos dos pôsteres de rua.
A origem do lambe-lambe está intimamente ligada à técnica de litografia, que permitiu a produção em massa de cartazes coloridos e detalhados no final do século XIX. Os cartazes de circo, com suas imagens vibrantes e distribuição ampla, foram pioneiros na utilização dessa técnica para a propaganda de rua. Essa prática evoluiu ao longo dos anos, incorporando novas técnicas e mantendo sua relevância como uma forma poderosa de comunicação visual nas paisagens urbanas. A combinação de arte e propaganda no lambe-lambe continua a influenciar a cultura e a comunicação urbana até os dias de hoje.